A instalação “Lages e o Futuro” foi criada pelo artista visual e Arte Educador Rudimar Cifuentes (Rudi C.) como parte da exposição “Lages 250 anos: de vila tropeira à cidade - polo da Serra Catarinense”, do projeto Fazer Gestão Cultural.
Os sonhos de uma criança dão asas à imaginação. Esta instalação surge dos sonhos de uma criança, dos meus sonhos de criança. Sim, eu ainda sonho... Muitas vezes fico pensando no futuro, onde os carros flutuam, tal como em “Os Jetsons”, um dos meus desenhos favoritos na infância. Eu não via a hora de acabar a aula, para chegar em casa e se jogar no sofá. Tempo bom! Infelizmente isso tudo ainda não aconteceu. Mas o menino nunca deixa de sonhar...
Tinha certeza que no ano de 2000 tudo seria como costumava sonhar na infância. Algumas coisas até se parecem com os meus sonhos, mas estão longe do mundo da família dos Jetsons. O futuro, que parecia distante, chegou rápido demais.
Lages é minha terra natal, e vi a cidade crescer verticalmente, como num piscar de olhos. Ano após ano, parte da vista dos campos e morros que rodeavam a cidade foi sendo engolida pelos edifícios, formando paredes de concreto, engolindo também o tempo e as torres da Catedral. Ficou no passado o tempo em que ficava sentado no campinho da escola, apreciando minha Lages, muitas vezes na companhia dos primos e amigos, muitas vezes só, (quando estava chateado com alguma coisa). Como era bom brincar de polícia e ladrão, jogar bola em dia de chuva na quadra de terra, criar brinquedos, desenhar, encher o tanque de lavar roupa com água limpa e dizer que tomou banho de piscina, deitar na carroceria do velho Ford 46 e olhar as estrelas nas noites de verão (sempre víamos algum disco voador), não podíamos contar estrelas, pois corríamos o risco de nascerem verrugas nas mãos. Coisas de criança.
E assim, como se fosse num estalar de dedos, o menino Rudi cresceu – assistindo desenhos na televisão, desenhando, criando coisas com sucatas, seus próprios brinquedos, se divertindo e sonhando como qualquer criança da sua época. Aí vem a fase da adolescência, a fase adulta, responsabilidades, estudo, trabalho. Na impossibilidade de ser cirurgião plástico me transformei em artista plástico (ou artista de plástico, como falava meu filho Pedro, quando criança).
Esta instalação é um reflexo sobre o futuro. Quando ele vai chegar? Será como nos sonhos do menino Rudi? Quero convidar você para participar desse sonho! Você é nosso convidado, para entrar no carro dos Jetsons, e sair por aí, fazendo à diferença. Mas não se esqueça, nunca jogue lixo pela janela do carro. Isso é muito feio. Lembre sempre, o lixo que produzimos é riquíssimo e devemos separar adequadamente, facilitando o serviço da coleta semanal, que fica a cargo da prefeitura da nossa cidade. Precisamos separar tudo o que pode ser reciclado, abrindo a possibilidade para que esse lixo se transforme em muitos outros produtos (papel, brinquedos, canetas, lápis, roupas, tubulações e muito mais...)
Nesta instalação vocês irão perceber que a maioria dos materiais utilizados foi coletado e selecionado entre as coisas que descartamos no lixo de casa. Isso inclui bitucas de cigarro, fibras das roupas que ficam no filtro da máquina de secar, alumínio, plástico, papel, tecidos, e lixo industrial. Também foram utilizadas algumas mascaras descartáveis (nesse caso, a máscara quer representar o descarte inadequado).
O que quero com esta instalação é mostrar que podemos revelar nas coisas que pareciam inúteis, sem serventia, que existia algo dentro delas e que o nosso olhar não percebia. Quero contribuir para que nada se perca e que a beleza do mundo seja anunciada através da arte.
Começamos a fazer a diferença quando nos unimos em um objetivo comum!
Rudi Cifuentes
Agradecimentos: Fazer Gestão Cultural, Jary André Carneiro Junior (Fotógrafo), Suzane Faita (Jornalista), Francisco Junior Costa Kirchner (Publicitário), Elias Paes da Silva (Tecnólogo Logística).